Alexandra David-néel
tulpa
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Em especial, uma prática, um jogo perigoso, algo que não deveria nunca ter conhecido, foi o início do seu particular inferno. Alexandra mostrou-se muito interessada por uma prática budista denominada criação de um tulpa. Os lamas budistas advertiram-na que era uma aprendizagem nada recomendável, pois consiste na criação de um fantasma gerado através da nossa mente. Alexandra foi advertida de que estas criações poderiam tornar-se perigosas ou incontroláveis. Demasiado tarde, pois Alexandra estava fascinada com tal ideia e ignorou a advertência dos seus educadores.
Sob a criação do mundo segundo os lamas, o universo onde vivemos é uma projeção criada por nós mesmos, não havendo fenómeno que exista se não for concebido pelo espírito humano. Os tulpas são entidades criadas pela mente dos lamas e são geralmente utilizados como escravos. São figuras visíveis, tangíveis, criadas pela imaginação dos iniciados.
Alexandra afastou-se do resto dos seus companheiros e, uma vez isolada de tudo, começou a concentrar-se em tal prática. Viu no seu interior o que queria criar, imaginando um monge de baixa estatura e gordo. Queria que fosse alegre e de inocente atitude. Após uma dura sessão, aquela entidade apareceu frente a si.
A entidade era algo parecido com um robot: só realizava e respondia aos comandos da sua criadora. Com um sorriso fixo no seu rosto, o monge acedia sem recusa ao que ela lhe ordenava. Lamentavelmente, nem sempre foi assim e aquele tulpa começou a realizar atividades que não lhe tinham sido encomendadas. Tal era a independência daquele fantasma de aparência corpórea que os demais monges o confundiam com um mais. A sua criadora começou a sentir medo, pois aquela entidade começava a ser um ser com vontade própria.
À medida que ia sendo mais independente, os riscos físicos que aquele bonacheirão monge fantasma apresentava foram mudando. O seu afável sorriso foi dando lugar a uma face mais carrancuda, o seu olhar passou a ser malévolo e nada afável para todos os que conviviam com aquele estranho ser. A própria Alexandra sentia cada vez mais medo.
No seu livro "Mystiques et Magiciens du Tibet", de 1929, Alexandra David-Néel narra os seis duros meses que durou a inversão daquele processo, conseguindo que a sua criação se desvanecesse. Aquele monge tinha-se tornado insuportável e Alexandra tardou antes de conseguir inverter o processo. “Não há nada estranho na circunstância que possa ter criado a minha própria alucinação. O interessante é que nestes casos de materialização, outras pessoas vêem as formas de pensamentos criadas.”- declarou a antropóloga quando posteriormente lhe foi atribuída uma medalha de ouro pela Sociedade Geográfica de Paris e nomeada Cavaleiro da Legião de Honra.
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